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quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Menino de rua



Lembra daquele dia em que te pedi um pedaço de pão,
minha barriga estava vazia, eu apoiado de fraqueza
na beira do seu balcão;

Você nem olhou pra mim, fez descaso do meu sofrimento,
me botou pra fora a ponta pé, e cai na calçada de cimento,
machuquei o joelho e comecei a chorar, e com palavras
duras você disse: vagabundo aqui não se cria, vai aprender a
trabalhar;

Eu na minha infância perdida, com a pele ainda ardida te tanto
andar no sol, caminhei até outro lado e vim a desmaiar;

Lembro até hoje, uma mão me agarrou, de olhos humildes e braços
 frágeis, não sei de onde tamanha força ela arranjou;

Acordei numa cama forrada com lençol de flores, cheirinho
de amaciante e travesseiro de espuma;

Novamente esses olhos sorriem pra mim, ela com uma
bandeja na mão, café com leite e pão;

Se estava sonhando, eu não sei, só não queria
Acordar, não queria ter que voltar para as ruas...
Eu cresci, e ela cresceu junto comigo, e o meu cachorro
Tampinha, era o meu melhor amigo;

Hoje foi o dia da minha formatura, ela estava lá, no meio
de tantas becas, seus olhos azuis brilhavam pra eu passar;

Numa noite de plantão, fui atender uma emergência,
um caso de maus tratos por parte familiar;

Um paciente cadeirante havia sofrido um enfarto,
e olhando aquele fato vim a me lembrar, que o
paciente a minha frente era o homem negligente,
que um dia me expulsou pra fora do seu bar;

Nessa hora tive pena da sua situação, pois um
dia me negou um pedaço daquele pão, mas eu prometo
pra você que apesar do chute que me deu, vou salvar seu coração;

Porque visto jaleco branco, e não mais panos de chão, sirvo a Deus
e a minha pátria e também a profissão;

Depois passo pra te ver, fazer a revisão, vou pedir pra te servir...

Café com leite e pão.

Robert Lima

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