Lembra daquele dia em que te pedi
um pedaço de pão,
minha barriga estava vazia, eu
apoiado de fraqueza
na beira do seu balcão;
Você nem olhou pra mim, fez
descaso do meu sofrimento,
me botou pra fora a ponta pé, e
cai na calçada de cimento,
machuquei o joelho e comecei a
chorar, e com palavras
duras você disse: vagabundo aqui
não se cria, vai aprender a
trabalhar;
Eu na minha infância perdida, com
a pele ainda ardida te tanto
andar no sol, caminhei até outro
lado e vim a desmaiar;
Lembro até hoje, uma mão me
agarrou, de olhos humildes e braços
frágeis, não sei de onde tamanha força ela
arranjou;
Acordei numa cama forrada com
lençol de flores, cheirinho
de amaciante e travesseiro de
espuma;
Novamente esses olhos sorriem pra
mim, ela com uma
bandeja na mão, café com leite e
pão;
Se estava sonhando, eu não sei,
só não queria
Acordar, não queria ter que
voltar para as ruas...
Eu cresci, e ela cresceu junto
comigo, e o meu cachorro
Tampinha, era o meu melhor amigo;
Hoje foi o dia da minha formatura,
ela estava lá, no meio
de tantas becas, seus olhos azuis
brilhavam pra eu passar;
Numa noite de plantão, fui
atender uma emergência,
um caso de maus tratos por parte
familiar;
Um paciente cadeirante havia
sofrido um enfarto,
e olhando aquele fato vim a me
lembrar, que o
paciente a minha frente era o
homem negligente,
que um dia me expulsou pra fora
do seu bar;
Nessa hora tive pena da sua
situação, pois um
dia me negou um pedaço daquele
pão, mas eu prometo
pra você que apesar do chute que
me deu, vou salvar seu coração;
Porque visto jaleco branco, e não
mais panos de chão, sirvo a Deus
e a minha pátria e também a
profissão;
Depois passo pra te ver, fazer a
revisão, vou pedir pra te servir...
Café com leite e pão.
Robert Lima
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