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segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

A lenda do jardim de Ogum


Era 01 de janeiro de 2015, por volta das 9h da manhã, Júlia sai de casa com um cesto de vime cheia de pães que ela mesmo preparou para vender na rua. Júlia é uma menina mulata, de cabelos crespos curtinho cheio de tic tac . Usava sempre um vestido de tecido vermelho de estampa floral, e nos pés sandálias de borracha. 
Onde Júlia passava ela gritava: _Olha o pão fresquinho! Saiu agora freguesa! e todos na cidade adoravam a menina, pela sua simplicidade de vender os pães e pelo jeito tão engraçado que se vestia, parecia uma bonequinha de ébano. Júlia sempre foi muito esperta, cheia de atitudes, não deixava barato não, ha de quem mexesse com ela, ia ter uma resposta na ponta da língua. Afinal, Júlia cresceu praticamente nas ruas, sua mãe saia muito cedo de casa pra trabalhar, e a menina ficava quase o dia todo na rua, aprendeu tudo que era bom e o que não era também. Sozinha, logo aprendeu um ofício, e começou a fazer os pães. Sua mãe frequentava o terreno de Ubanda, e pelo menos duas vezes na semana, ela fazia algum tipo de serviço lá. Diziam as más línguas que a menina era filha de Ogum, por isso a garota era da pá virada. 
_ Isso é coisa do Diabo! falava o grupo de senhoras que saia da missa. _ olha o cabelo dela, cheio de pregadeiras, parece até chifres! E esse vestido vermelho, que horror!
Júlia que não era boba nem nada, mas que depressa mostrava a língua, essa garota é da pá virada.
Num desses dias qualquer, lá vai Júlia, com seu cesto na mão, vestido vermelho e seus tic tacs. 
Descendo a ladeira de São José, ela dá de cara com os cães brabos, a menina ficou tão assustada, que sua reação foi correr. Júlia larga seu cesto no chão, e num salto só, pula a cerca de arame farpado mato a dentro. A menina grita, mas ninguém a escuta, ela corre muito, e os cães atrás. Ela se depara com uma enorme cratera sem fundo, e não deixa dúvidas que esse era o limite. Ela pega um galhinho seco no chão e firma a sua frente tentando afastar os cães.
_ Xô cãozinho, pra trás, me deixem em paz. Ela abaixou e ameaçou jogar algo, foi nesse momento que um dos cães salta pra cima de dela, e os dois caem no enorme buraco.
Já é noite, e a menina não volta pra casa, a mãe desesperada não procurou antes porque sabia que ela era muito esperta. Todos do centro ajudaram na procura, e a polícia foi avisada. Encontraram o cesto de Júlia caído no chão, mas ninguém teve a ideia de entrar no meio da mata. Se passou uma semana, um mês, e nada. 
Numa noite de lua cheia, a mata toda iluminada, num silêncio total, ressurgiu de dentro da cratera, onde a menina havia caído, uma imensa árvore de ébano. Ficou tão alta, que de longe se podia ver a copa. Com o despertar do dia, desabrocharam enormes flores vermelhas, como se fossem papoulas. E quando a cidade acordou, se surpreenderam com tamanha grandeza que havia aparecido de um dia para o outro. 
 Flores foram se espalhando por todo entorno, um jardim multicolor crescia tomando conta daquele lugar. 
Um dia, um casal de namorados resolveram ir até o local fazer algumas fotos, e ficaram alí um bom tempo, fotografaram as flores, a árvore  e os animais que viviam ali. Chegando em casa, foram para o computador descarregar as fotos. E a surpresa deles quando colocaram na tela a foto tirada da árvore de ébano, alí estava uma menina de vestido vermelho segurando pela coleira um cachorro, e fazendo careta com uma cara de travessa, em seus cabelos, um tic tac prendendo uma enorme papoula vermelha.
Um olha para outro, e se perguntam: _quem é ela? 
Na tela dispara o navegador google, e alguém digita: SOU DONA DESSE JARDIM, SOU A FILHA DE OGUM... Emoticon smile


Essa história se espalhou por todas as redes sociais, quem viu não esquece, quem ouviu não quer nem saber...só sei que foi assim!

Robert Lima

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