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sábado, 14 de março de 2015

O Rei do Cariri


Em meio terra seca, na miragem do sertão, nasce
Quinho menino valente, debaixo de sol quente,
sua mãe lhe dá a luz. 
Nesse dia solitário, seu pai desce do cavalo e sozinho
num estalo, faz o parto do seu filho. 
Embrulhado em manta de juta, sua mãe já vê a luta
que vai ser para cria-lo.
Quinho cresce der repente, e logo a sua frente se depara
com um vidente que lê a sua mão.
Você menino valente, que nasceu sob sol quente,
sua espada reluzente, aqui irá reinar.
Toma sua coroa feita de bambu, porque
a terra que tu reina, não fica lá em nem ali,
você vai se tornar um dia, o Rei do Cariri.
Quinho segue seu caminho, sem naquilo acreditar,
porque vida do sertão, não dá tempo pra sonhar.
Mas um dia na cidade, alguém lhe chama atenção,
uma mulher vestida de noiva, vem em sua direção.
Me ajude seu moço, não deixe -me casar, pois
o rapaz que eu não gosto, está na igreja a me esperar.
Quinho a pega pelo braço, e coloca em seu jumento,
corre bem depressa, pra acabar com o sofrimento,
entrando na igreja, pare com esse casamento.
Meu povo que aqui está, esta moça desesperada, hoje
não pode mais casar. Todos olham espantados, sem 
perceber o acontecido, porque casamento arranjado
sempre acaba em conflito.
E o Padre pergunta o motivo de tanta confusão,
Quinho aproveita nessa hora e pede a sua mão.
Coronel já tava quente, com a vergonha que passou,
sem saber quem era Quinho, o casamento abençoou.
Mas a noiva desesperada, com outro não quis casar,
acabou ficando com Quinho, pra cidade não falar.
Coronel que era dono, de quase tudo que havia ali,
Fez de Quinho seu herdeiro, das terras do Cariri.
Nessa hora ele lembra, das palavras do vidente, 
que no sertão de terras quentes, fez a sua previsão.
Êita mundo meio doido, pensa Quinho deslumbrado,
olhando as terras dadas, no meio do serrado.
Todo dia bem cedinho, ele sai pra tocar os bois,
sua roupa de couro encerado, chapéu todo costurado,
sua espingarda meio de lado, lá vai o Reio do Serrado,
nas suas terras do Cariri...

Robert Lima



sábado, 7 de março de 2015

Relógio do vento


Quero voltar, mas não tenho tempo, o relógio do vento
me empurra pra longe, me afastando cada vez mais de você;
Tentei de tudo enquanto estava aqui, e mesmo assim
o tempo corria, e você só sorria longe de mim;
Nossos olhos cortavam a vidraça espelhada da janela
encantada que separava eu de você;
A oportunidade que tivemos de aproximar, alguém
chegava e colocava a vidraça que  nos separava mais
uma vez;
O relógio ainda está funcionando, tenho medo da hora
que a bateria acabar;
O relógio do vento me empurra pra longe, ainda temos
a chance de nos encontrar;
Te espero nas montanhas de flores azuis, mas não demora
muito, porque o vento é forte, não sei se vou agüentar,
vigio o tempo, porque tenho medo da bateria acabar...


Robert Lima