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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Certeza




É no momento mais incerto, que eu encontro a certeza que dias melhores virão;
Porque nos momentos felizes não penso no fim, continuo vivendo no meu mundo terreno, dentro de mim;
Porque no aperto as paredes se abrem, mostrando a verdade e quem fica aqui;
Porque os outros passaram e nada deixaram, dentro de mim.
Porque é nesse momento, que tenho certeza e a verdade mostrada, que só foi revelada, quando foi à chegada, perto do fim...


Robert Lima

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Minha vida



As vezes me canso do fardo, mais olho pro lado e me sinto melhor;
Vejo-me sozinho a tantas responsabilidades, talvez não tenha maturidade,
ou minha caminhada ainda não acabou.
As surpresas aliviam a dor do cansaço, e minha alegria me faz sorrir.
Me surpreendo comigo mesmo pelas coisas que faço, dou a volta e dou um laço,
que as vezes nem eu mesmo consigo sair.
Vejo graça em tudo que vive, porque minha alma precisa disso e eu preciso também;
O meu tempo é longo, e dele faço o que bem quiser, mais não perco um minuto da vida
com quem não quer nada, porque ele é precioso demais pra isso.
Minhas asas ocultas me levam pra longe e me trazem pra perto, se seu tempo é incerto,
o meu é corrido e longo pra eu viver quantas vidas ainda me derem...

Robert Lima

Frase do dia

Algumas vezes, pessoas não tempo pra você, porque estão ocupadas perdendo tempo com outras pessoas que só tem tempo porque não tem nada pra fazer...Sempre doe seu tempo pra quem precisa viver mais um tempo.

Robert Lima

sábado, 14 de março de 2015

O Rei do Cariri


Em meio terra seca, na miragem do sertão, nasce
Quinho menino valente, debaixo de sol quente,
sua mãe lhe dá a luz. 
Nesse dia solitário, seu pai desce do cavalo e sozinho
num estalo, faz o parto do seu filho. 
Embrulhado em manta de juta, sua mãe já vê a luta
que vai ser para cria-lo.
Quinho cresce der repente, e logo a sua frente se depara
com um vidente que lê a sua mão.
Você menino valente, que nasceu sob sol quente,
sua espada reluzente, aqui irá reinar.
Toma sua coroa feita de bambu, porque
a terra que tu reina, não fica lá em nem ali,
você vai se tornar um dia, o Rei do Cariri.
Quinho segue seu caminho, sem naquilo acreditar,
porque vida do sertão, não dá tempo pra sonhar.
Mas um dia na cidade, alguém lhe chama atenção,
uma mulher vestida de noiva, vem em sua direção.
Me ajude seu moço, não deixe -me casar, pois
o rapaz que eu não gosto, está na igreja a me esperar.
Quinho a pega pelo braço, e coloca em seu jumento,
corre bem depressa, pra acabar com o sofrimento,
entrando na igreja, pare com esse casamento.
Meu povo que aqui está, esta moça desesperada, hoje
não pode mais casar. Todos olham espantados, sem 
perceber o acontecido, porque casamento arranjado
sempre acaba em conflito.
E o Padre pergunta o motivo de tanta confusão,
Quinho aproveita nessa hora e pede a sua mão.
Coronel já tava quente, com a vergonha que passou,
sem saber quem era Quinho, o casamento abençoou.
Mas a noiva desesperada, com outro não quis casar,
acabou ficando com Quinho, pra cidade não falar.
Coronel que era dono, de quase tudo que havia ali,
Fez de Quinho seu herdeiro, das terras do Cariri.
Nessa hora ele lembra, das palavras do vidente, 
que no sertão de terras quentes, fez a sua previsão.
Êita mundo meio doido, pensa Quinho deslumbrado,
olhando as terras dadas, no meio do serrado.
Todo dia bem cedinho, ele sai pra tocar os bois,
sua roupa de couro encerado, chapéu todo costurado,
sua espingarda meio de lado, lá vai o Reio do Serrado,
nas suas terras do Cariri...

Robert Lima



sábado, 7 de março de 2015

Relógio do vento


Quero voltar, mas não tenho tempo, o relógio do vento
me empurra pra longe, me afastando cada vez mais de você;
Tentei de tudo enquanto estava aqui, e mesmo assim
o tempo corria, e você só sorria longe de mim;
Nossos olhos cortavam a vidraça espelhada da janela
encantada que separava eu de você;
A oportunidade que tivemos de aproximar, alguém
chegava e colocava a vidraça que  nos separava mais
uma vez;
O relógio ainda está funcionando, tenho medo da hora
que a bateria acabar;
O relógio do vento me empurra pra longe, ainda temos
a chance de nos encontrar;
Te espero nas montanhas de flores azuis, mas não demora
muito, porque o vento é forte, não sei se vou agüentar,
vigio o tempo, porque tenho medo da bateria acabar...


Robert Lima

sábado, 14 de fevereiro de 2015

A amizade


Amizade não é uma relação comum, ao contrário,
ela é sempre fora do comum;
Amizade não tem cobranças, hora muito barulho,
hora muito silêncio, e nada se abala;
Amizade não se resume em um grupo definido,
ele deve crescer, seja qual for a direção que isso
tudo vai tomar;
Amizade é uma coisa sem sentido, não se explica,
só vivendo pra saber, porque quem não se doa, nunca
vai experimentar a sensação que isso causa;
Amizade pode gerar relacionamento, ou relacionamento
pode virar amizade, tanto faz, no fundo somos todos
enamorados de um jeito mais light, um amor que se divide
sem abalar o nosso coração;
Amizade não substitui pai e mãe, namorados, e
nem filhos, ela uni todos eles a todos os outros;
Amizade pode ser confidencial, pode ser aberta,
pode ser tímida, exagerada, pode ser humana ou
Animal, não importa...
Amizade é um dom que todos nós temos, a única diferença
de toda essa bagunça é que se não fosse a Amizade, nós não
estaríamos juntos até hoje...
Robert Lima

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Sorriso



Sorriso não se pede, simplesmente sorrir;
Sorriso não se força, é recíproco;
Sorriso não se divide, é individual de
um jeito todo especial;
Sorriso é amor, amor construído;
Amor desinibido;
Amor que atravessa os anos;
E mesmo assim continua do jeito
que sempre foi;
Sorriso, é amor, e amor é sorriso;
Sorriso é a lembrança mais gostosa
Que vou levar de você...

Robert Lima

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Infância




Que saudade gostosa das minhas lembranças, da brincadeira e do cheiro,
quando era criança;
Cheiro de mato e merenda escolar, o recreio acabava e não queria voltar;
De tardinha em casa só pensava em brincar, a hora passava e não queria parar.
Lanche na mesa, cheirinho de Quik, e os olhos fixos na TV; que saudades desse
Tempo, como eu queria te ver;
O espelho traz as marcas da vida que passou, tantas alegrias e histórias, de uma
Infância divertida que nunca mais voltou;
Ainda carrego comigo, o menino divertido, que um dia era índio e no outro caçador;
Era dono de uma nave feita de papelão, voava em meio espaço, sem sair do chão;
Que saudades dessa época, quanta imaginação;
Hoje minha nave não é mais de papelão, dou rasante em meio mundo, com os
meus pés firmes no chão;
Carrego quem eu quero e pra onde posso levar, nela tem espaço de sobra, até
você pode entrar;

Um dia ela foi frágil, feita de papelão, hoje levo ela comigo...dentro do meu coração.


Robert Lima

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Búzios: Os desaparecidos

      Em dezembro de 2014, resolvi tirar minhas férias em Búzios, reservei uma pousada pra 15 dias, deixei minhas malas arrumadas, coloquei poucas peças de roupa, só o suficiente pra sobreviver na cidade praiana, e minha agenda de bolso pra anotar algo que precisasse...
     Cheguei ao Hotel Marine no dia 03 de dezembro.
   _Sr. Adriam, aqui estão suas chaves, seu quarto é o 33, segundo andar. Falou o recepcionista.
    Estranho, quando eu estava chegando, esbarrei com um cara meio desastrado, logo no saguão, ele se desculpou e se apresentou como Rodrigo. Vestia camisa colorida de botão e short surfista estampado, que combinação!
      Até que o quarto que fiquei era melhor pessoalmente, porque nas fotos do site não parecia tão bom assim, uau! que visão, da sacada podia ver toda praia.
       Lá pras 19h resolvi dar uma volta, conhecer um pouco a cidade, e não é que novamente topei com o tal cara, o Rodrigo. Levantei a mão acenando, mas acho que ele não viu, doidão o cara, passou batido.  Já são 22h, eu resolvi me deitar, nisso que estava me arrumando, ouso um burburinho lá embaixo, desci pra ver o que estava acontecendo. O recepcionista disse que um jovem conhecido como Jonatas, havia desaparecido, ele era filho de uma funcionária da copa, estavam todos desorientados e preocupados com ela. Bom, eu lamentei o fato, mas não conhecia a pessoa, resolvi voltar para meu quarto.
       No café da manhã, peguei um copo de suco, coloquei torradas com requeijão e um iogurte com granola, era o suficiente. Fui fazer uma aula de treino na academia próxima, estava distante da minha, resolvi pagar umas diárias pra não perder o ritmo. Cheguei à academia, e quem encontro lá? Ele, o Rodrigo, todo desajeitado, parecia um peixe fora d’água. Apesar disso, ele já estava num maior papo com uma menina, pelo menos se enturmou. Depois da malhação, fui pro hotel, tomei uma chuveirada e fui pra praia.
      Levei um guarda sol, e fiquei lá olhando aquilo que é bom rs, muita novidade. Você pode até não dar um mergulho, mas a visão já vale à pena. Quando volto pro hotel, vou direto pro restaurante, é tanta comida diferente, que não sei nem o que comer. Sentei numa mesa afastada, pois não queria ser incomodado, e percebi um falatório na mesa ao lado, ouvi que uma menina havia desaparecido logo após ter saído da academia Corpus. Pensei, é a academia que malhei. Noutro dia resolvi indagar o professor da Corpus o que tinha acontecido.
    _Fala Adriam, tudo bem? _Tudo bem, fala ae! me diz uma coisa, que menina é essa que desapareceu aqui na academia? _Cara, é a Juliana, ontem ela saiu com rapaz meio desajeitado, os dois compraram um açaí e depois disso, ela não foi mais vista, a cidade toda está em alerta _que brabo hem professor! _ vim só passar umas férias, vou voltar cheio de histórias pra contar _ rsrs verdade Adriam, agora vai malhar que sua hora ta passando.
       Durante a semana tentei conhecer o máximo da cidade, diziam que na praia tinha um passeio coletivo de escuna, resolvi da uma espiada pra ver se era bom.
   _ Ae! quanto ta o passeio? _ trinta conto! _ faz um desconto ai, sou novo aqui, não vai querer perder o freguês rs _ ta bom, deixo por vinte cinco _ agora já melhorou rs.
      Coloquei o colete salva vidas, sou meio desconfiado, fiz uma varredura com os olhos em toda embarcação, hoje em dia acontece muito acidente, não dá pra vacilar.
      Foi um dos melhores passeios que eu fiz, visitamos algumas ilhas, troquei idéia com o povo local, umas histórias bem legais, adoro ouvir histórias.
       Voltei pro hotel com uma fome! Fui de bicho na comida, coloquei no prato uma mistura das galáxias, arroz carreteiro, panqueca recheada com camarão com cream cheese e empadão rs.
       Então me sentei à mesa que sempre fico comendo e observando tudo a minha volta. Nisso, ouso barulho, é comida e bandeja pra todo lado. Levantei assustado, é o carinha, o tal do Rodrigo, eita! cara ruim de roda. Fique com pena, abaixei e tentei ajuda-lo a pegar as coisas. Eu perguntei a ele se queria sentar comigo, ele respondeu algo que não pude entender, nãos sei se era gago ou fanho, mas vi que tinha problemas na fala. Ele saiu meio desorientado, e desapareceu.
       Nossa! Que dia, não agüentava nem andar direito, o estômago tava como? Daquele jeito.
       Deitei na cama, fiquei olhando aquela visão maravilhosa, um ventinho bom salgado...adormeci.
        Despertei do sono praiano...
      _Que isso rapaz! Que foi? Quem deixou você entrar aqui?!
        Acordei com o Rodrigo olhando pra mim, eu gritei com ele, saiu porta afora e não consegui alcançá-lo. Desci no saguão do hotel, falei com gerente o ocorrido. Ele disse não tinha nenhum hospede com as características do Rodrigo hospedado ali. Falou-me que ninguém poderia entrar no meu quarto, porque só eu tinhas o cartão magnético que abria a porta, o sistema de segurança não era falho. Pedi que mostrasse a filmagem na câmera do horário ocorrido, mas ele disse que depois de um tempo, ela não guardava mais as imagens.
        Então por conta própria resolvi investigar o que estava acontecendo. Noutro dia na academia, não encontrei o Rodrigo. Perguntei ao professor, ele disse que o rapaz trancou as aulas. De onde será que ele apareceu? Achei que era hospede do mesmo hotel que eu, desde o primeiro dia.
        Faltavam três dias pra eu ir embora, a vontade de ficar era grande, mas... Tudo que é bom, dura pouco.
        Fui até o centro da cidade comprar umas lembranças pra família e os amigos, enfim, não dá pra viajar e voltar de mãos abanando, sempre acaba rolando uns presentinhos pra turma.
        Tô vendo a polícia parada em frente ao mercadão, muita gente, pensei ter sido um acidente, o povo adora esses eventos. Eu como todo mortal, fui me enfiando no meio pra ouvir o acontecido. Era mais um desaparecido, faltando dois dias pra eu ir, e mais uma novidade, isso aqui ta virando bagunça.
        O rapaz de aproximadamente vinte e cinco anos de nome Marcos, havia desaparecido depois de sair da boate Estilo’ss.

Voltei para o hotel abarrotado de coisas, querendo economizar levando lembrancinhas, não achei nada disso, acabei levando cangas, sandálias... E tudo com logotipo de Búzios, o cartão de crédito no final do mês óh!
       Já eram 18:30 minutos, resolvi ir no salão de jogos, já estava muito queimado, nada de praia hoje. Comprei umas fichas e fui jogar, adoro jogo de corrida de carros. Fiquei até cansar, e subi pra dormir.
        Enquanto estava colocando o short, e fazendo minha exposição da figura na sacada rs, olho no pátio, e quem eu vejo, o retardado do Rodrigo.
        Desci correndo as escadas, fui pra fora, dei a volta pelo pátio, ele me viu e correu.
      _Para ai cara! Quero falar com você!
       Ele correu, entrou pela janela que dava acesso ao hotel, num cômodo lá nos fundos, eu não consegui alcançá-lo. Alguma coisa estranha tinha, resolvi ir à delegacia, apesar dele não ter me feito nada, mas o comportamento tinha sido abusivo, e registrei o ocorrido.
       Horas mais tarde a polícia estava no hotel, com uma intimação de busca,entrou em todos os quartos para averiguar, principalmente nos cômodos anexo a ele. O que Rodrigo não contava, é que a polícia estava cercando o hotel em trajes a paisano. Nessa hora Rodrigo pula o muro, é pego pelos policiais. O rapaz ficou muito nervoso e não conseguia soletrar uma palavra pela sua gagueira.
       O delegado acompanhado da escolta entrou na casa que havia nos fundos, e pra surpresa de todos, encontrou acorrentados os três desaparecidos, Juliana, Jonatas e Marcos. Estavam como animais, no meio de sujeira e pratos de comida, apenas uns lençóis sujos pra deitar. Descobriram que o pai de Rodrigo era o gerente do hotel, e sua mãe trabalhava na cozinha.
       Quem podia imaginar toda essa trama, o próprio gerente do hotel. Aí que tudo se revelou, Rodrigo desde pequeno tinha o problema na fala, a gagueira. Ele sofreu buling durante um bom tempo, o garoto ficou com problemas psicológicos, e isso afetou também aos seus pais. Ele cresceu sem amigos e trancado em casa, vendo o mundo pela TV. Então seus pais afetados também pela doença estimularam o garoto a trazer outros jovens pra sua casa, na intenção de fazer novos amigos, e com isso os mantiveram presos, pra que o garoto não se sentisse sozinho. Era uma família de criminosos? Ou doentes? Não sei. Eles foram presos, e o Rodrigo foi levado para uma clínica de psiquiatria.
       Que noite! Vou dormir tranqüilo.
       Dia 17 de dezembro, tô saindo, deixei meu cartão na recepção, ô mala pesada!,
Ah! Búzios, que saudades, agora vai começar tudo de novo, e até ano que vem.
       No ônibus, olho a paisagem salgada, areia branquinha e o vento com gosto de mar, deixo pra trás umas férias emocionantes, já estou sentindo o cheiro do asfalto.
  _Tô chegandooo!!! E até um dia.


Robert Lima


Pousada da alegria


Peguei o ônibus na rodoviária do amor,
com destino a esperança, que fica próximo
a fábrica de carinho;
Saltei no ponto do afeto e perguntei ao
despachante da amizade, onde ficava
a pousada da alegria, ele disse que ficava
muito longe, só eu é que não via;
Segue em frente aquele bar, à direita
da emoção, cuidado pra não tropeçar,
na falsidade e confusão;
Prepara pernas pra andar, porque o lugar
que vai chegar, é de difícil acesso;
Cuidado com esquecimento, você pode
se perder, tudo lá se vai com o vento,
mas se tiver coragem de andar todo esse
tempo, vai chegar onde procura, na
pousada da alegria;
Não esqueça de passar, na fabrica de carinho,
Tenha sempre atenção, porque a pousada da
Alegria fica em cima daquele morro, que
bombeia sua vida e se chama... coração.

Robert Lima


segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Nossa colcha de retalhos



Minha colcha de retalhos foi feita com carinho,
costurada toda a mão com linha de algodão e recheado
de amor.
Na barra coloquei a data, que nós nos conhecemos,
no avesso coloquei momentos, que nunca mais
esqueceremos.
Dividi os retrós de linha, pra juntos costurarmos,
nossa amizade amarrada nunca será arrancada da
minha colcha de retalhos.
Ela é macia e confortável feita pro meu tamanho,
cada ponto ali marcado, teve sorriso inesperado
enchendo minha colcha de retalhos de vida e muita cor.
Você pensa que eu me esqueço das noites passadas, quando
costuramos nossas vidas e nossas histórias engraçadas,
era risos o tempo todo, e a hora não passava, cada retalho
que pregava, nós falávamos uma piada e a linha acabava e o dia
amanhecia.
Ainda lembro quando cheguei, e por vocês fui bem recebido,
minha mala só tinha trapo, nada muito definido.
Hoje guardo com carinho, o primeiro pano que me deu,
de bolinhas cor de púrpura de fundo branco como eu.
Nunca pensei que um dia, nós pudéssemos costurar
juntando nossas linhas, nossas vidas e toda tralha
em uma colcha de retalhos feita pra eu deitar.
Cada um que passa por aqui, só tem acrescentar,
cada pedaço da sua vida eu quero costurar,
se cair o seu retalho, venha logo me avisar,
vou tratar de costurar, pra nunca mais soltar.
Mesmo que o tempo passe, nada nunca vai mudar,
porque os pontos que demos juntos, foram feitos
de linha de algodão de junco, muito amor e sorrisos
fartos que nunca mais vão se acabar...e se você
quiser fazer parte da minha colcha de retalhos,
traga pano, linha e agulha que te ensino a costurar...
eu também quero fazer parte da sua colcha de retalhos.

Robert Lima

sábado, 24 de janeiro de 2015

O Jardineiro


Todas as vezes que te procurei não encontrei,
sua janela não abre mais pra mim, então sai,
e fui plantar em outro jardim;

Ainda guardo um pouco das suas sementes,
espero que não demore a voltar, porque o
tempo corroe pra sempre, ela pode não mais
germinar;

Gastei toda água com você, e nunca me alimentei
de um fruto seu, porque os que vingaram, todos
colheram, menos eu.

Suas flores caíram, mas nenhuma foi pra eu passar,
você as vendeu, e o que sobrou deu pra quem
não soube cuidar;

Quando sua raiz tiver podre, e não conseguir mais se
sustentar, não haverá mais jardineiro no mundo,
porque hoje tudo se compra, mas cuidar de flores
como eu, você nunca mais irá encontrar...


Robert Lima


sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

O Milagre

          No ano de 1980, em São Paulo, vivia um garoto chamado Thiago, tinha apenas onze anos de idade, cabelos ruivos, olhos amendoados e sorriso singelo. Nessa época não havia muitos recursos, ainda mais pra quem morava no interior. Thiago acordava cedo, pegava sua bicicleta pintada de amarelo e partia pra escola. Ele era um dos meninos mais inteligentes da sala, sempre interessado no assunto, enquanto as outras crianças pulavam de um lado para outro sem parar no lugar.
       O que ninguém sabia, era que o menino tinha uma doença grave, sua família era pobre, e descobriu isso no início do seu nascimento, quando fez o teste do pezinho, e foram encaminhados ao hospital no centro da cidade. Desde então, eles vêm sustentando a situação da forma que dava pra levar.
          Nessa época, São Paulo estava passando por um momento difícil, quase não chovia, os rios estavam secos. Quem vivia da pesca, estava ficando sem trabalho, e na colônia que o garoto morava, a agricultura estava morrendo.
        Thiago presenciou várias vezes seus pais chorando pela situação, mas ele nunca soube da sua doença.
        Hoje na escola, a professora anunciou que haveria uma feira de ciências, e que a turma formasse grupos, e depois escolhessem o tema para desenvolver o trabalho.
          Thiago foi pra casa radiante, sua inteligência já montava todo esquema daquilo que ia fazer. Ele escolheu fazer seu trabalho sobre “Irrigação sustentável na agricultura”.
         Esse na verdade, era um bom tema, ele sabia bem a sua realidade e todos da colônia.
           Como poucas moedas que ele tinha, comprou um material bem barato, e com caixa de isopor achadas no lixo, ele montou sua maquete.
           No dia da feira, ele e seu grupo apresenta o trabalho a professora, ela fica deslumbrada com todo esquema, feito de matérias simples, mas muito inteligente.
           Então Thiago levou sua família para vê-lo, todos orgulhosos do menino, e ele, dando várias explicações sobre o tema a todos que se aproximavam da mesa expositora.
           Antes do dia terminar, Thiago passa mal, e cria um tumulto na escola, o garoto desmaia em cima da mesa, jogando todo trabalho no chão, as crianças choram nervosas. Alguém chama a ambulância, e o garoto é levado para o Hospital no centro de São Paulo.
           O médico que fez a avaliação, deu o diagnostico que a família já sabia, para que ele se salvasse, só um milagre.
           Enquanto isso na escola, a professora recolhe o trabalho do garoto, muito comovida com o acontecido.
           Noutro dia a professora leva o trabalho até um técnico de agricultura, ele fica pasmo com o esquema, e resolve desenhar isso no papel para montar um protótipo, e depois fazer o teste.
           _Professora, fizemos o sistema de irrigação do Thiago, está funcionando muito bem, com esse sistema, vamos acabar com a seca nas lavouras e recuperar a economia da cidade _Nossa! Que maravilha, ele vai adorar saber disso.
           A professora recebe a notícia que Thiago está muito mal. Nesse momento ela não teve nem coragem pra dizer aos seus pais sobre a descoberta do garoto. Ela volta pra casa arrasada.
           Noutro dia, todos da escola recebem a notícia, e as crianças da sala consternadas com a situação, silenciam.  A professora propõe que todos os dias façam uma oração, e assim fizeram durante dez dias. No décimo e ultimo dia, lá no Hospital...
           Thiago esta entubado, acessos venosos pelo corpo, e sua mãe ao lado sentada numa pequena cadeira, magra e esvaída.
           Um vento forte invade o CTI, os enfermeiros de plantão fecham as janelas, correm pra tentar proteger os acamados. Uma chuva de pétalas de rosas brancas entram CTI a dentro, o perfume se espalha no ár, pombos pousam na cama de Thiago e ficam empoleirados observando o garoto. A enfermaria inteira se prostra de joelhos no chão. Sua mãe segura sua mãozinha e acaricia chamando pelo filho. Uma luz desce em forma de pássaro e pousa sobre o garoto. Thiago abre os olhinhos, e sorri.
           Muita emoção e comoção, os pássaros vão embora e a pomba de luz se vai num flash atravessando paredes, e desaparece.
           Horas mais tarde, o médico vem para fazer a visita, e se assusta no que vê, Thiago não é mais um menino doente, ele sorri, ele come com vontade a comida servida, e sua mãe numa felicidade só, alimenta o garoto na boca.
       O médico sem palavras, escreve no prontuário:.. Dia 19 de Janeiro, às 18h, testemunho a evolução do paciente de um quadro terminal para cura total, restabelecido de todos os sinais vitais, motivo: O milagre de Jesus...
             No dia seguinte Thiago tem alta, já liberado, pode ir pra casa.
           A rua onde morava estava lotada de gente, a professora, as crianças da escola e todos que acompanharam o caso do menino, uma recepção e tanta.
             Antes de entrar em casa, a família recebe a notícia que receberia um dinheiro pelo projeto do garoto, e Thiago recebeu uma medalha pela escola, do melhor trabalho da feira de ciências.
        Hoje Thiago tem trinta e cinco anos, se formou em Agronomia, trabalha numa empresa que presta serviços à prefeitura de São Paulo, e seus pais moram com ele no centro da cidade.
            Ele carrega no pescoço junto ao seu coração, uma correntinha de ouro da pombinha do espirito santo. E assim a vida continua...
                  Que Deus abençoe a todos nós...amém.
           

Robert Lima
       


O Mistério: Ana, Josep e Bruno.

      Era um dia de domingo de 1899, e Ana chegava ao Palácio do Rio de Janeiro numa linda tarde, convidada pelo Barão para festa de comemoração do aniversário do seu filho Josep Gire. Ana era francesa, estava de passagem pelo Rio a passeio com seu pai Gherra. Quando o Barão soube da vinda, fez questão de convidá-los ao aniversário, pois ele tinha alguns planos para esta moça e seu filho.
   Josep tinha 23 anos, cabelos longos pelo ombro, cor de tabaco, corpo esguio e elegante, olhos claros e sorriso singelo, mais um pouco misterioso. Ana, uma mulher de 20 anos, cabelos vermelhos e pele matizada pela natureza, rodeada de lindas sardas que a deixavam sedutora aos olhos de qualquer homem da época. Encantada com toda beleza que o Brasil expunha, seus cabelos ao vento na brisa beira mar do Rio de Janeiro.
  _Como vai senhora Ana e Sr. Gherra? fiquem a vontade, vou chamar o meu filho pra conhecerem o palácio antes da festa começar. Ele pediu que o criado chamasse Josep. Ana olhou nas escadas e seus olhos brilharam quando se deparou com o filho do Barão, deixou escapar um pouco de euforia, e logo em seguida foi contida por seu pai disfarçadamente. _Que encanto Senhora Ana, venham comigo, vou levá-los ao passeio. Ana percebeu algo estranho, um rapaz, que não parecia ser nobre, olhava pelas cortinas acompanhando o passeio com os olhos. _Sr. Josep, desculpa a descrição, mais tenho a impressão de ter visto um rapaz a nos observar. _Senhora Ana (sorriu Josep) ,ele é um amigo, vive conosco aqui no Palácio.
     Era meia noite e o baile estava lotado de convidados, mesa farta e muita bebida. O Barão fez questão que Ana ficasse ao lado de Josep, enquanto ele jogava conversa fora com o pai. E lá, em cima da varanda, próximo ao lustre de bronze, estava o amigo de Josep a observar. Josep olhou o relógio e rapidamente saiu correndo, Ana ficou sem entender nada. Curiosa como ela, o seguiu. De longe Ana observava Josep e o amigo estranho a conversar, pareciam discutir, ou algo parecido. Como Ana havia de passar a semana hospedada, resolveu por conta própria que iria desvendar isso, porque o interesse no filho do Barão já era grande.
     No dia seguinte...
   _Oi Ana, sente-se aqui conosco para tomar café, deixe me apresentar meu amigo Brunno.
    Brunno não era nobre, se via pelo porte físico, cor parda e cabelos encaracolados, olhos esverdeados e corpo forte. Ele era quieto, quase não falava, a não ser com Josep. Estavam sempre juntos e dividiam o mesmo quarto, como irmãos. Ana muito intrigada quis tentar descobrir a importância de Brunno nessa história toda. Porque de certa forma, se sentiu ameaçada por esta amizade, pois podia botar a perder o seu interesse por Josep. Noutro dia de manhã bem cedinho, Ana se levanta e vai ate a sacada onde o Barão costuma ficar para apreciar a paisagem.
   _Sr. Barão, bom dia, estou a incomodar? _Que isso minha filha, fique a vontade. _Posso fazer uma pergunta Sr. Barão? (disse Ana) _sim, quantas quiser. _Como o Brunno veio parar no Palácio? Ele não é nobre como nós. _Minha filha, porque a curiosidade? (sorriu o barão) _Notei o seu interesse no meu filho, certo? , bom, vou contar resumidamente como ele veio parar aqui. _O Brunno e filho de uma escrava com um Marques, sua mãe faleceu logo no seu nascimento e ele foi encontrado por um dos meus empregados quase morto a beira de um rio, dentro de um cesto de palha, então resolvemos ficar com o garoto.
      Ana não se deu por satisfeita com a história contada pelo Barão, mais estava decidida a ficar com Josep. Quando mais tarde, Josep teve que acompanhar seu pai a uma visita de negócios, e Ana aproveitou para vasculhar os aposentos do seu pretendente.
      Enquanto ela revirava tudo, um barulho na porta. Ana se esconde atrás do cortinado de veludo azul e fica a esperar. Era Brunno, entrou, tirou a roupa e deitou em sua cama. Ana, não sabia como sair dessa, mais ficou a observar Brunno deitado, e como ela observou! Já se passaram duas horas, sua pernas encolhidas não agüentavam mais, ela resolveu sair de mansinho sem assustar. Mais Brunno estava somente se refrescando, o Rio é muito quente nessas épocas, e ele percebeu algo ... _Pare aí! o que está fazendo aqui Senhorita Ana, como entrou no meu quarto?
     Ana sem saber o que dizer; e nervosa ao mesmo tempo, olhava para Brunno despido, coisa que na França, não há se ver.
     Ele se aproximou de Anna, tão perto, que se podia sentir o bafo quente de sua boca. __O que foi senhora, nunca viu um homem antes? Ana fugiu porta afora, desnorteada se perdeu no Palacio com tantos corredores. Seu coração palpitava, um misto de medo e sedução. _Ana minha filha, o que foi? (disse seu pai) _nada papai, só um pouco cansada.
    Durante todo dia, Ana não tirava aquilo da cabeça, o tempo que estava lá, tentava de todas as maneiras evitar a presença de Brunno. Ela já não sabia mais de nada, o seu interesse por Josep e sua curiosidade por Brunno.
   Numa noite de quarta feira, Ana está em seus aposentos e escuta passos pelo corredor, era Josep, vestido em trajes de dormir. Ela aproveitou e foi ao seu encontro. _Oi Josep! sem sono? _um pouco, o calor está intenso, me acompanha até a sacada?
    Quando chegam, Brunno está lá, olhando para o céu. _Também sem sono Brunno? (diz Josep) _sim, e parece que a senhorita Ana também, não é? (sorriso entre os lábios). Ana que há dias tentava evitar Brunno, naquele momento não teve como voltar atrás.
    _Então vamos apreciar as estrelas juntos. Falou Brunno com as mão sobre os ombros de Anna e Josep. Ana se via em situação embaraçosa e ao mesmo tempo intensa para os padrões de uma mulher da época. Sem jeito, Ana cedia ao poucos as investidas dos olhares de Brunno e Josep. Um momento único, onde Ana descobria o que estava acontecendo ou se entregava aquele jogo de sedução e mistério.
     Amanhece...
    Ana corre até os aposentos dos rapazes, e eles já haviam saído bem cedo. Estava disposta e entrar no jogo, em pouco tempo já estava envolvida de tal forma, que esquecera que a semana estava acabando e logo teria que voltar para casa.
     É noite de quinta feira...Ana ouve baixo um grunido, ou coisa do tipo, meio animal e meio humano. Com medo, ela sai pelos corredores, chama por Josep, e ninguém responde. Mas ainda assim, ela pode ouvir o som do animal, lá no final dos corredores do Palácio. Mesmo com medo, sua curiosidade é grande, ela vai seguindo o som, que a leva a uma grande porta de madeira talhada, com figuras egípcias, muito antigo. Atrás dessa porta o som é mais forte. Ela se abaixa e tenta ver pela fresta no chão o que está acontecendo. Consegue mais ou menos enxergar Brunno e Josep, completamente despidos, sujos de sangue, de um animal que estava morto no chão. Completamente apavorada, ela corre chorando e pensando como sair dali o mais rápido possível. Brunno e Josep, sentem os movimentos dela, e como se flutuassem, arrebentam as portas e vão ao seu encontro. Antes mesmo dela alcançar seu quarto, eles descem pelas paredes a sua frente. _Não grite senhora Ana! não vamos lhe fazer mau (diz Brunno).
Josep a pega em seus braços e voa como pássaro até a sacada do Palácio. Os dois retiram cada peça de roupa de Ana, deixando completamente nua. Nesse momento ela que até então estava amedrontada com a situação, agora se entrega no mistério e no desejo, sem medo do final que aquilo podia levar. O dia está quase clareando, o três ainda enrolados nas cortinas da sacada, o cabelo vermelho brilhavam com os primeiros raios de sol.
Tarde de quinta feira...
     Josep e Brunno contam a Ana toda a verdade que os une. Brunno não é filho de escrava, é filho de uma mulher que usava feitiçaria, eles se conheceram por acaso, quando Josep foi atacado por sua mãe para rituais satânicos, e Brunno o salvou, provocando a morte da própria mãe. Enquanto agonizava, ela amaldiçoou os garotos, onde eles não poderiam se alimentar da terra e nunca se separariam um do outro. Caso isso acontecesse, os dois morreriam juntos ou viveriam eternamente. Por isso tal estranheza do comportamento dos rapazes. O Barão sabia de toda verdade, mais escondia por medo de retalhação e da fogueira que seria o destino dos garotos, e casando seu filho Josep, ele manteria imagem do rapaz, que na época solteiro não era bem visto, trazendo a paz para o Palácio e sua carreira política.
   
    Ana agora já sabia de tudo, estava envolvida até o pescoço, em todos os sentidos.
    Noutro dia eles resolvem fazer as bagagens, e sem avisar a ninguém, Ana, Brunno e Josep, partem no primeiro navio rumo a um lugar qualquer, levando uma saca de moedas que daria pra eles recomeçarem a vida em um lugar onde ninguém os conhecesse. Dizem até hoje, que alguém já os viu passar, que Anna já estava bem idosa, Brunno e Josep, jovens como sempre.  Mais estavam juntos, os três ,como sempre foi...
    Se é lenda ou não, vai se saber. Sempre que alguém conta um conto, aumenta mais um ponto. Boa noite...