Rumm, Rumm, Rumm...cuidado, olha a frente, to passando!
Lá vem Pedro
com seu carrinho vermelho, com um só espelho e rodas gastas de tanto brincar.
Pedrinho tinha sete anos, e todos brinquedos que ganhara, somente o carrinho
vermelho lhe agradava. Carregava pro banho, dormia agarrado com ele como se
alguém fosse pegar. No meio da noite, embaixo das cobertas, podia ver a
lanterna acessa e o barulho a roncar... rum rum rum.
De manhã no café, a mesa virava pista de corrida, os
pães eram montanhas, e tudo que havia em cima, se transformava em brincadeira.
Na escola nem se fala, ou toma esse carrinho, ou vai pra fora de sala.
Pedrinho era filho único,e seu melhor amigo era seu
carro vermelho, quantas vezes sua mãe o pegou falando bem baixinho com aquele
velho carrinho.
Pedrinho foi crescendo, e deixando seu carrinho de
lado, um dia foi seu amigo e agora estava bem guardado. Ainda podia se ouvir um
barulho bem baixinho, o roncar triste no baú, daquele pequeno carrinho.
Um dia de mudança, tudo tinha que ser guardado, cada coisa
separada, tudo bem encaixotado. Um dos ajudantes pegou o baú, que no canto
estava esquecido, o jogou dentro da caixa sem se importar se tinha vidro. O baú
se abriu com a queda, e sua tampa se quebrou, foi peça pra todo lado, mais que
falta de cuidado! você podia ter quebrado, alguma coisa de valor.
Pedro sentou no chão e começo a recolher as
coisas que estavam no baú, pra voltar a embalar. Mas foi nesse momento, em que
pode escutar o choro bem baixinho do roncado de um carrinho, pedindo um pouco
de carinho e pra não me abandonar. Pedro olhou embaixo da cama e não acreditou
no que pode ver. Quantos anos já faz e nem se lembrava de você. Pegou seu
carrinho todo enferrujado, seus olhos que eram brilho, hoje estavam apagados.
Pedro o encostou devagarinho em seu ouvido, escutando seus gemidos, seu coração
partido de saudade de lhe ver. Meu carrinho, meu amigo, desculpe o que fiz com
você, hoje já não sou criança, tive muito a fazer. Agora em diante, nunca mais
vou te deixar.
Pedro agora trabalha em uma Empresa automobilística,
e todos os dias ele conversa com seu carrinho, claro, que de um jeito
diferente.
Ah! seu carrinho?...agora ele tem pintura nova, farol de
Led e rodas cromadas. Ele fica num lugar especial, na sua mesa de trabalho
junto com as fotos da sua família... E agora vive sorrindo para o Pedro.
As
mudanças são inevitáveis, tudo passa, mais o amor que temos pelas pessoas não,
e nem o delas por nós.
Todas as
vezes que resolver mudar, nunca esqueça de levar na sua bolsa aquelas pessoas
que um dia te fizeram muito feliz.
Robert Lima
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